sexta-feira, 30 de março de 2012

Crônica de uma viagem de sonhos

CRÔNICA DE UMA VIAGEM
Embarcamos numa viagem de sonhos, expectativas, descanso e contemplação.
Aqui conhecemos pessoas, aproximamo-nos de outras, estreitamos laços e criamos outros.
Alguns já têm seus grupos, duplas, trios ou toda uma coletividade.
O certo é que vamos nos agrupando por afinidades, necessidades ou interesses – nesse caso de afeto e de atenção.
Em Vitória experimentamos o calor do avião, o frio na barriga na hora da decolagem e da aterrisagem em São Paulo.
Rimos no voo com os passageiros de segunda classe querendo embarcar na primeira, nada que não possa ir para o currículo de Eliana Mara e suas aventuras no mundo.
Em São Paulo aguardamos e tivemos uma prévia do que seria essa aventura, pois as sacolinhas já começavam a surgir. Eram casacos, perfumes, sapatos nas vitrines acenando para as famigeradas compras... E haja malas!
Avião menor, mais decolagem, mais lanchinho no avião, e mais aterrissagem. As roupas de inverno estavam foram de cogitação, até que o comandante avisa que em Caxias do Sul, temperatura de 15 graus... E um ruído uníssono de ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
E começa a aventura pelas uvas. Hotel de primeira, saída para a noite na Festa da Uva. City tour, casamento a moda grega lembrando Baco e Dionísio, música italiana, vinícolas, e não é que as sacolinhas vão aumentando? E muita gente alegre depois da degustação do vinho com os simpáticos “velhinhos” loucos para casarem.
Bento Gonçalves com almoço, viagem de trem, passagem por Garibaldi e Carlos Barbosa. Mais uva, mais música, mais degustação de vinhos, com direito a quebrar taças, corte no dedo da Cris, salvamento pelo Kaschima. Sem falar do desfile, momento impar em nossa viagem. E dá-lhe uvas!
E a gente deixa o belo hotel e vamos para Gramado! No caminho a surpresa da beleza de Nova Petrópolis com um almoço maravilhoso com direito a dançar ao som da Concertina. E mergulhamos na comida e doces.
Sonolência, calor e expectativa. Gramado surge. Para uns a realização de um grande sonho. Parada no Portal para a fotografia oficial, a primeira. Aliás, quantos cliques durante cada paisagem! É preciso descarregar as digitais.
O pequeno trecho até o hotel já nos dava a ideia do que seria a estadia e visita aos parques, monumentos, praças, bares. E o que falar de Canela com sua bela cachoeira? Do desfile com os tops da “Gramado Fashion Mico” na Black Bull? A Fábrica de chocolate e sua fantástica história? E Cebolinha mandando rir, ficar animado, dar tiauzinhos para câmera. De Gramado ficou o sabor dos “fondies”, o passeio no lago e no pedalinho, a beleza da sua paisagem. E para algumas pessoas a sensação de realeza, pois uma dor de barriga e um mal estar deixaram certas senhoras com ares de rainha, com direito a noites e dias no trono.
Mas tudo tem o seu tempo certo. E deixamos a bela Gramado e horas e viagem até o Chuí. Em Igrejinha as sacolas aumentam: mulheres vorazes em busca do sapatinho de cinderela. E seguimos por Novo Hamburgo, Pelotas com seus doces e calorão, Porto Alegre com a troca do som e um banheiro imundo com baratas mortas espalhadas pelo chão. E todos querendo ver a Lagoa dos Patos e nada dela aparecer. E dá-lhe pontes, plantação de arroz, e uma bela reserva de proteção ambiental. E afinal as capivaras são bichos bonitos ou feios? Respondam Rosa e Márcia Couzi.
Depois de longas horas entre piadas e causos (né Maria, Grace e Heliana) em fim o Chuí. É lá no fim do mundo, ou melhor, do Brasil. Primeiro foi a insegurança das carteiras de identidade, depois a escuridão da cidade. Chegada ao hotel e depois corrida ao lugar mais próximo para comer... E no restaurante a confirmação bíblica: os últimos serão os primeiros... a serem servidos.
Depois de uma noite de descanso, vamos às compras... e surgem vidros de perfumes por todos os lados. Calor na loja sem ar condicionado. Depois temporal de alagar a cidade. E ficam quatro retardatários atrasando o ônibus. Ricardo já se desespera, afinal vai molhar seu único par de sapatos. E a caravana segue seu curso, já mais pesadinha, pois o volume de sacolas já faz efeito no peso das malas, sendo alivio para Gilnei a chegada do Gilson, pelo menos mais um para ajudar no carregamento.
E o que dizer de Punta del Este? Aquele paraíso cercado por dois mares, um de água doce (praia mansa) e outro de água salgada (praia brava). Nem bem descemos com as toneladas de malas, alguns já partem para as lojas. Mas o passeio pela orla, a tentativa de ver o lobo marinho na Marina, o city tour pela cidade, o morro de São Joaquim com imagem de Santo Antônio, gente pedindo um casamento, e o presente do pôr do sol na Casa Puebla encheram nossas vidas de poesia.
Montevidéu com seus ares cosmopolitas também nos encantou. E o “candomblé” com seus tambores, boleros, tangos, e tantos outros ritmos que culminaram num carnaval trouxe ainda mais alegria aos passageiros de nossa fantástica viagem. Mas Celinha Muruci garante que pode ter o mesmo espetáculo mais barato e com mais tempo em São Lourenço, com “seu” Nilson.
Nessa cidade vimos um povo que preserva sua história, levanta monumentos pelos seus heróis, cantam e dançam sua cultura, quer seja num clube ou numa praça, com seus moradores da terceira idade, e que nos acolheu carinhosamente.
Mas nossa viagem não parou por aqui. Faltava sua parte final. Despedimos com saudades do Ricardo, com sua aula de história, gastronomia, enologia, filosofia, e com direito a piadinhas. Algumas com graça, outras nem tanto. Sabíamos que íamos sentir falta do Gilnei com sua educação e presteza para acolher as damas na saída do ônibus e do Gilson que veio somar nessa trajetória. Mas seguimos em frente num barco a atravessar longas águas e depois num ônibus. Aos que ficaram a nossa saudade e a expectativa de reencontrá-los em breve.
Se pudéssemos definir sabores para a etapa de Gramado a Montevidéu, diríamos que foi sabor de uva, vinho, entrecort e chivito, afinal foi o que mais convivemos nesses dez dias de viagem.
Mas enfim a Colônia Sacramento deixou-nos saudades devido à sua bucólica paisagem de casas antigas, ruas de calçamento em pedras, restaurantes feitos cantinas, e muitas lojas de artesanato. E no instante de partida, não é que teve marido perdendo sua esposa e ele vai a sua busca, mas como sempre, o desencontro foi devido às famigeradas sacolinhas.
No porto uma fila imensa nos esperava. Carteiras na mão ou passaporte, parecíamos uma serpente a espera de desembocar nas águas. Aos poucos atravessamos a imigração e o anjo Tetê pôde respirar aliviada, visto que alguns tiveram seus nomes e números em choque no check in.
A travessia foi tranquila. Rio longe de ser ver a beira, como diria nosso bom e velho escritor Guimarães Rosa. No entanto de paisagem bonita e de muito sol. Alguns nem tempo tiveram de contemplar toda essa beleza porque o cheiro do “freeshop” os conduzia ao paraíso de perfumes e roupas. E tudo foi rápido que nem se sentiu a viagem, a não ser no desembarque cheio de malas, retenção de uma e outra por causa da nota de compras – resolvendo brevemente. Zé Humberto e Heliana Mara contam com a colaboração de todos para carregar seus pertences até os ônibus.
Buenos Aires nos acenou com uma tarde linda. Mal desembarcamos, muitos foram em busca de alimentos – o espiritual e o corporal. Visitamos a Igreja de Santa Catarina, uma das mais antigas da capital e vimos a suntuosidade e a singeleza caminharem lado a lado. Celebração curta, voltada principalmente para os turistas, teve foto da galera na saída do templo. Depois, uma passadinha no shopping para não perder o costume, afinal saco vazio não para em pé.
O café da manhã do dia seguinte nos reservou uma surpresa. Uma tormenta tomou conta da cidade e parou o trânsito. Atraso no ônibus para o city tour e fizemos nosso passeio pela cidade divididos em dois grupos, os ricos e os pobres... Os que tinham “guitas” e os que não tinham, pelo menos foi o que dissemos para a guia do ônibus menor, a simpática Agostina. Vimos monumentos, lojas, praças, parques, e ouvimos parte da história de Buenos Aires. E num dos intervalos ficamos sabendo do caso da banheira assassina, aquela que expulsa homens de seus domínios. E o coitado quase ficou desacordado nu para o desespero de sua esposa, que dias antes foi chamada de Presidenta.
E a tarde, ouvimos mais um caso fantástico, de algumas turistas que havia presenteado o restaurante equiparando o dólar ao peso argentino, precisando da interferência dos poderes de Márcia Couzi. Nunca uma refeição custou tão cara. No city tour pelas lojas houve quem reclamasse, mas não se deixou de comprar.
Falando em refeições, teve gente que achou que o atendimento dos restaurantes era personalizado, e que aparecia o nomezinho da cliente na nota. E essa foi reclamar que a nota não era sua, pois não se chamava “Gracias”, e sim Márcia... O que não percebeu era que o tratamento impresso era um agradecimento pela presença: “Mui gracias”.
Com um grupo grande, numa cidade cosmopolita, a grupo caravana se desprendeu entre shopping, Puerto Madeira, restaurantes, Rua Florida, Santa Fé e outras opções. Houve certos casais que resolveram fazer programas mais reservados e sumiram no aconchego do hotel. Afinal, como disse certa viajante, Buenos Aires é uma cidade romântica.
A Rua Florida foi o paraíso das compras finais, porém o fecho foi sem dúvida o espetáculo “Senhor Tango”. Luz, música, figurino, cenário requintado, tecnologia, mulheres e homens bonitos, sedução, sensualidade, emoção. Sem dúvida foi momento ímpar e que verdadeiramente não tem preço. Valeu pela beleza que levou ao êxtase, e teve mulheres olhando para o jovem de corpo definido e cabelos longos, loucas para conhecê-lo um pouco melhor.
Mas o que é bom chega ao fim. Manhã livre para últimos passeios e compras, arrumação de malas, almoço e acerto na saída do hotel. O anjo Tetê ainda corre em busca de um pedaço de bolo para Neinho por seu aniversário. A entrada e saída das malas nos ônibus foi um capítulo à parte e a fila no pequeno aeroporto de Buenos Aires, uma loucura. E o desespero bate na hora de encontrar o papel verde do Buquebus – era o visto de entrada na Argentina e que ninguém sabia disso. Abre malas, revira bolsa, vasculha bolso e paga-se taxa. E na tentativa de passar com os quilos extras das malas, vale tudo: ser simpático(a) com a atendente e até mesmo elogiar a sua maquiagem.
Os momentos finais foram marcados por vistos na migração, rápidas passagens pelos “freeshops” para as últimas compras, cafezinhos e despedida de Tetê para o Rio de Janeiro. No voo São Paulo – Vitória, a conversa alegre sobre comidas e compras tomou conta, e poucos cochilaram. Susto somente na aterrisagem, típica daquele aeroporto – brusca e saltitante.
Em terras capixabas, mais despedidas, choros e promessas de reencontros, afinal formou-se em 15 dias um grupo de amigos.
A viagem de ônibus para Guaçuí foi rápida com direito a um Parador, expressão típica do guia Ricardo. Também na volta a lembrança da música “Carinhoso”, ensinada pelo guia (com roupa – sem roupa) e lembranças agora saudosas de um grande passeio. Depois cansaço bateu, o motorista pisou no acelerador e chegamos ao nosso destino. A vida voltava ao seu normal, e a rotina do trabalho estava a nos esperar, mas com certeza já não éramos os mesmos, pois voltamos diferentes da forma que fomos – havia mais pesos em nossa bagagem (argentinos e uruguaios – sobras de moedas e presentes), e mais ricos em experiências e amigos.

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