sexta-feira, 3 de outubro de 2014

DA FUGACIDADE DO MOMENTO

Há pessoas que surgem em nossas vidas
Rouba-nos um sorriso, um abraço,
E no embaraço de um momento,
Desaparecem no acaso, deixando-nos ao relento.

Pessoas que nos mostraram num segundo
O quanto belo poderia ser o mundo
E que, no entanto, se diluem nas estrelas
Mesmo que em suas certezas incertas
Fossem apenas promessas de reencontros.

Por que elas fogem, desaparecem, escondem-se?
Nossos corações e mentes não conseguem isso alcançar,
Pois tão frágil é a fé nas pessoas, nesse ato de acreditar,
Que somos iludidos nesse frívolo encantamento.

Então, começamos uma busca desconexa e de radar
Nas ruas, praças, baladas,  mercados e bares
Procurando em cada olhar, o olhar de encanto
Que nos propiciou fugazes momentos de felicidades.

Percebemos que a perenidade do encontro
É mera projeção de nossa mente sedenta
De minutos de prazer, carinho, amizade,

Marcados pela sensação do eterno enquanto dure.

domingo, 13 de julho de 2014

Os ensinamentos da Copa

A Copa do Mundo do Brasil chega a seu fim, entre vitórias e uma fatídica derrota, ficou a certeza de que o país tem condições sim de sediar grandes eventos, mas é preciso se preparar seus atletas/elencos de uma forma melhor para não ser vexatória sua atuação. Muito mais que estádios, acessos e aeroportos, é preciso dar condições de preparação técnica para saber vencer a ansiedade, a adversidade e obter grandes resultados.
O povo brasileiro, de certa forma, deu sua contribuição acreditando num sonho, recebendo bem os turistas, incentivando seus atletas. Ele fez a sua parte, porém todos esperavam mais.  Todos queriam ver brilhar a seleção e a derrota para a Alemanha deixa uma reflexão de que algo está errado no futebol brasileiro e que outras seleções se aperfeiçoaram e a nossa ficou aquém do desejado. O que parecia ser a melhor de todas as copas, para os brasileiros foi a pior de todas as participações.
Mas a vida segue. O trabalho continua. A rotina vai tomando conta de nossas vidas e a gente se esquece dessa triste partida, visto que a vida é feita de vitórias e derrotas em todos os sentidos. Daqui a pouco nossos olhares se voltarão para os candidatos à presidência da República e às câmaras estaduais e federais; e o fiasco da seleção na semifinal vai ser reflexo nos votos.
Dentre tantos projetos essenciais para a população brasileira, é preciso fomentar a cultura, assim como o esporte, para obtermos melhores resultados em nossas participações em grandes eventos.  Ou até mesmo em pequenas ações municipais ou regionais, sempre com a qualidade que o espectador merece.
O protagonismo cultural
Na área artística, o Governo Federal tem o programa “Cultura Viva”, ele surgiu para fortalecer o protagonismo cultural na sociedade brasileira, valorizando as iniciativas artísticas de grupos e comunidade, e também ampliar os acessos aos meios de produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais, e tem por base os Pontos, Pontinhos e Pontões de Cultural. Em todo o Brasil são mais de 3034 iniciativas conveniadas.
O Programa é financiado por recursos do Governo Federal e dos parceiros públicos e privados, por meio de convênios, bolsas ou prêmios concedidos através de chamamento público.
Seus objetivos são:
• Reconhecer iniciativas e entidades culturais;
• Fortalecer processos sociais e econômicos da cultura;
• Ampliar a produção, fruição e difusão culturais;
• Promover a autonomia da produção e circulação cultural;
• Promover intercâmbios estéticos e interculturais;
• Ampliar o número de espaços para atividades culturais;
• Estimular e fortalecer redes estéticas e sociais;
• Qualificar Agentes de Cultura como elementos estruturantes de uma política de base comunitária do Sistema Nacional de Cultura.
Pontos de Cultura

            No sul do Estado, somente duas cidades possuem Ponto de Cultura: Guaçuí e Cachoeiro de Itapemirim. Esta tem a Escola de Teatro “Darlene Glória”, funcionando no Círculo dos Operários, próximo a Casa dos Braga. Já em Guaçuí, o ponto é comandado pelo Grupo “Gota, Pó e Poeira”, com o Projeto “Guaçuí Em Cena”, tendo aula de teatro, dança e música. Tudo gratuitamente.  Essas ações já estão no terceiro ano, e tem conseguido formar atores e técnicos que já podem atuar no mercado de trabalho, como é o caso do espetáculo “A incrível história de um homem que vendeu sua alma ao diabo e quase perdeu seu grande amor”, que foi apresentado recentemente em Dores do Rio Preto.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A INTOLERÂNCIA NO TEATRO E DANÇA


Recentemente o espetáculo “Vem buscar-me que ainda sou teu”, de Carlos Alberto Soffredini, foi encenado nos palcos de Guaçuí e mostrou uma cena que era comum nos anos 70: uma solteirona (Dona Virgínia), encantada pelo teatro, explica a Aleluia Simões, dona do circo, porque não fazia teatro e a visão da família sobre quem faz teatro. Bom, não é preciso detalhar a classificação dada pela personagem aos profissionais da área, na concepção da época, no entanto ela acabou se rendendo a arte e fazendo parte daquela companhia ficcional.
Mas, passados 40 anos da obra escrita, por mais moderno que seja o novo milênio, algumas pessoas e instituições continuam com seu pensamento retrógrado, generalizando pessoas, discriminando profissões. Atores e bailarinos sofrem na boca do povo, que parece mais se preocupar com a vida alheia do que exercer o seu ofício, e pouco produz, principalmente se quem fala atua também na cultura ou está envolvido em determinadas religiões.
Há poucos dias, deparei-me com uma cartilha de determinada religião que proibia seus fieis de frequentarem teatro, pois é um “antro” de perdição. Também soube sobre opinião de determinada pessoa com certa influência na cidade, dizendo que era um absurdo que adolescentes fizessem aulas de teatro. Bom, o “pecado” pode estar em qualquer lugar, entre os membros de uma igreja ou em outras profissões, não poupando comerciantes, professores, escritores, advogados, engenheiros ou qualquer
pessoa que seja. Vive-se hoje uma era de pessoas com mentes mais abertas, capazes de enxergarem a igualdade dos gêneros, e as várias possibilidades de uniões e se Deus criou suas leis, criou também o livre arbítrio. Só ele pode julgar.
No entanto, o mais assustador sobre essas opiniões, é que muitas vezes vêm de apoiadores da cultura; pessoas que se dizem intelectuais e dentro de um ciclo artístico. Então, como a pessoa pode ocupar determinados assentos se são hipócritas e discriminadoras? A religião e a literatura foram feitas para unir, agregar, conscientizar e acolher e não julgar por seus próprios meios, sendo ela elemento desagregador. Ou então... é uma dor de cotovelo, usando a linguagem conotativa, por não ter alcançado outros patamares.
O Tratador de Estrelas
Seguindo a linha de que a literatura pode agregar e não separar, Wilma Belfort, escritora do Rio de Janeiro, produziu um belo texto para o jovem ator Fábio Aiolfi interpretar e que estreia nos palcos de Guaçuí. Sua fonte de inspiração foi o texto escrito há um pouco mais de 70 anos e o segundo livro mais lido no mundo, “O pequeno príncipe”, do escritor francês Exupèry. As belas mensagens e personagens do livro são condensadas no personagem Plínio que revisita sua vida e tenta buscar novos caminhos. Quem já leu a obra vai identificar sentimentos e ações na montagem, com referências de personagens como a flor, o geógrafo, o contador de estrelas, a raposa, a serpente, o acendedor e o aviador.

As apresentações acontecem em Guaçuí nos dias 05 e 06 de abril, às 20 horas, no Teatro Fernando Torres, e depois segue para o Rio de Janeiro, no Teatro Henriqueta Brieba, também às 20 horas, no dia 10 de abril.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O TEATRO CAPIXABA EM ALTA

27 de março, Dia Mundial do Teatro. Ele foi criado em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro (ITI), data da inauguração do Teatro das Nações, em Paris, sendo uma forma de fazer refletir sobre essa arte e na sua importância no contexto histórico, afinal ele existe desde a era primitiva.
O marco principal do surgimento do teatro foi a reunião de um grupo de pessoas em torno de uma fogueira, para se aquecer do frio e ali contar os fatos ocorridos durante o dia. A representação existe desde os tempos primitivos, quando os homens imitavam os animais para contar aos outros como eles eram e o que faziam, se eram bravos, se atacavam, ou seja, era a necessidade de comunicação entre os homens, e isso se projetava em suas sombras.
As homenagens aos deuses também favoreceram o aparecimento do teatro. Na época das colheitas da uva, as pessoas faziam encenações em agradecimento ao deus Dionísio (deus do vinho), pela boa safra de uvas colhidas, assim, sacrificavam um bode, trazendo para a comemoração os primeiros indícios da tragédia.
Para comemorar o Dia do Teatro, a Federação Capixaba de Teatro realizou em Baixo Guandu, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura, o VII Festival Capixaba de Teatro e lá reuniu grupos e companhias de todo o Espírito Santo, que mostraram desde performances a comédias e tragédias, em variadas linguagens. É um festival que renasce das cinzas.
A participação do Sul do Estado
Do Sul do Estado quatro montagens estiveram participando. De Cachoeiro,  o Grupo Ela de Teatro encenou “A tímida luz de velas”, texto de Milson Henriques – consagrado escritor capixaba, que mostra as mazelas de duas velhas senhoras recordando seu passado. Também de Cachoeiro, com parceira de Guaçuí, o Grupo de Teatro Anônimos encenou “A Culpa”, baseada na obra de Franz Kafka intitulada “Carta ao Pai”, na interpretação de Luiz Carlos Cardoso.
De Divino de São Lourenço, o Circo Teatro Capixaba levou para aquela cidade do norte do Estado o espetáculo de rua “Pé de que tem”, numa montagem que reúne cortejo, poesia, teatro de rua e manifestações populares. O espetáculo conta com interferências populares, assim como eram as procissões dionisíacas. Liderados por Willian e Ananda, a trupe puxou as atividades comemorativas do Dia Mundial do Teatro.
Guaçuí em cena
Em comemoração aos seus trinta anos, o Grupo “Gota, Pó e Poeira” levou àquele festival a montagem “A saga amorosa dos amantes Píramo e Tisbe”, numa adaptação livre da obra de Shakespeare. Foram duas sessões repletas de muito riso, que cativaram o público da cidade de Baixo Guandu, e muitos assistindo pela primeira vez a um espetáculo teatral. As sessões ocorreram dentro da sede da cidade, numa lona de circo, e outra no interior, na comunidade rural Km 14.

Ainda comemorando o Dia do Teatro, a companhia guaçuiense trocou de malas e figurinos e viajou para o Paraná onde encenam “Estórias de um povo de lá” e “Bumba meu boi”, até o dia 31 de março, nas mostras Fringe e ES EM CENA, dentro do Festival de Teatro de Curitiba, um dos mais importantes do país.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O que fica do Carnaval

O carnaval chegou ao fim e a ressaca da quarta feira de cinzas foi a tônica nos ambientes de trabalho. Muitos reclamaram em voltar às atividades profissionais, logo após do almoço, para dar continuidade aos afazeres e projetos, mas a vida segue seu curso, e em ritmo acelerado como nas homenagens ao Senna na “Unidos da Tijuca”, campeã do carnaval carioca. E de outro lado, já em São Paulo, o sambódromo de lá parou em ritmo de procissão para edificar a fé com a “Mocidade Alegre”. Muitos gostariam ficar parados, descansando para a quinta-feira, no ritmo de quaresma.
Já em Guaçuí não houve escola vencedora, e sim a comunidade que viu renascer das cinzas o seu carnaval com escolas de samba. Os blocos se reuniram e trouxeram para avenida alas completas com baianas e passistas; ala de crianças; carros alegóricos; comissão de frente; mestre sala e porta bandeira; rainha e madrinha junto à bateria. E como reiniciar sempre é mais complicado, é um começo que pode gerar bons frutos, principalmente quando os foliões, além de vestirem as fantasias, colocarem mais empolgação e samba no pé, e brincar na avenida, principalmente inspirado naquele cordão que segue a escola no término do desfile. Mas isso já é para o próximo ano!
Como destaque teve o retorno de Geralda, antiga porta-bandeira de tradicionais escolas de samba de Guaçuí, como um dos pontos altos. Ela, com a elegância de sempre, soube conduzir o pavilhão da “Unidos” no desfile na Marechal Floriano. Outro bom momento foi a participação do Ballet Guaçuí na comissão de frente, sob o comando do professor Glheison Ricardo. Mesmo com pouco tempo de ensaio, já demonstram que criatividade não vai faltar se a proposta desse carnaval tiver continuidade.
Dia Internacional da Mulher
No dia 08 de março, em todo o mundo, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, sendo uma reflexão sobre a luta de operárias que deram suas vidas em busca de conquistas profissionais. Nesse dia, em várias partes do país e de outros continentes, mulheres estarão sendo homenageadas por serem destaques em suas respectivas áreas. E é isso que a Câmara Municipal de Guaçuí se propôs a fazer, nesta data, em sessão solene, destacando senhoras que de uma forma ou outra contribuem para o desenvolvimento de nosso município. São mulheres guerreiras, dedicadas, generosas, competentes, líderes, que tornam a vida melhor para muitos de suas famílias ou do ambiente de trabalho.
E nessa reflexão como não se lembrar do exemplo de vida de Emiliana Emery, viúva e com sete filhos? Ela arregaçou as mangas, numa sociedade machista da época, e foi trabalhar em profissões que eram de domínio masculino. Foi padeira, alfaiata, hoteleira, doceira, entre tantas outras, e acabou se destacando na política, sendo uma das pioneiras no voto feminino no Brasil, partidária de imponentes vultos da história política do Espírito Santo e do Brasil. Essa é uma história que deve ser contada em salas de aula na Região do Caparaó, sem dúvida.
Parabéns, mulheres! Que a cada dia alcance mais o espaço merecido e que sejam mais que o cantado nas atuais melodias brasileiras, pois são esteios – cada vez mais – de suas famílias e de nossa sociedade.