sexta-feira, 4 de abril de 2014

A INTOLERÂNCIA NO TEATRO E DANÇA


Recentemente o espetáculo “Vem buscar-me que ainda sou teu”, de Carlos Alberto Soffredini, foi encenado nos palcos de Guaçuí e mostrou uma cena que era comum nos anos 70: uma solteirona (Dona Virgínia), encantada pelo teatro, explica a Aleluia Simões, dona do circo, porque não fazia teatro e a visão da família sobre quem faz teatro. Bom, não é preciso detalhar a classificação dada pela personagem aos profissionais da área, na concepção da época, no entanto ela acabou se rendendo a arte e fazendo parte daquela companhia ficcional.
Mas, passados 40 anos da obra escrita, por mais moderno que seja o novo milênio, algumas pessoas e instituições continuam com seu pensamento retrógrado, generalizando pessoas, discriminando profissões. Atores e bailarinos sofrem na boca do povo, que parece mais se preocupar com a vida alheia do que exercer o seu ofício, e pouco produz, principalmente se quem fala atua também na cultura ou está envolvido em determinadas religiões.
Há poucos dias, deparei-me com uma cartilha de determinada religião que proibia seus fieis de frequentarem teatro, pois é um “antro” de perdição. Também soube sobre opinião de determinada pessoa com certa influência na cidade, dizendo que era um absurdo que adolescentes fizessem aulas de teatro. Bom, o “pecado” pode estar em qualquer lugar, entre os membros de uma igreja ou em outras profissões, não poupando comerciantes, professores, escritores, advogados, engenheiros ou qualquer
pessoa que seja. Vive-se hoje uma era de pessoas com mentes mais abertas, capazes de enxergarem a igualdade dos gêneros, e as várias possibilidades de uniões e se Deus criou suas leis, criou também o livre arbítrio. Só ele pode julgar.
No entanto, o mais assustador sobre essas opiniões, é que muitas vezes vêm de apoiadores da cultura; pessoas que se dizem intelectuais e dentro de um ciclo artístico. Então, como a pessoa pode ocupar determinados assentos se são hipócritas e discriminadoras? A religião e a literatura foram feitas para unir, agregar, conscientizar e acolher e não julgar por seus próprios meios, sendo ela elemento desagregador. Ou então... é uma dor de cotovelo, usando a linguagem conotativa, por não ter alcançado outros patamares.
O Tratador de Estrelas
Seguindo a linha de que a literatura pode agregar e não separar, Wilma Belfort, escritora do Rio de Janeiro, produziu um belo texto para o jovem ator Fábio Aiolfi interpretar e que estreia nos palcos de Guaçuí. Sua fonte de inspiração foi o texto escrito há um pouco mais de 70 anos e o segundo livro mais lido no mundo, “O pequeno príncipe”, do escritor francês Exupèry. As belas mensagens e personagens do livro são condensadas no personagem Plínio que revisita sua vida e tenta buscar novos caminhos. Quem já leu a obra vai identificar sentimentos e ações na montagem, com referências de personagens como a flor, o geógrafo, o contador de estrelas, a raposa, a serpente, o acendedor e o aviador.

As apresentações acontecem em Guaçuí nos dias 05 e 06 de abril, às 20 horas, no Teatro Fernando Torres, e depois segue para o Rio de Janeiro, no Teatro Henriqueta Brieba, também às 20 horas, no dia 10 de abril.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito boas as suas colocações... Um forte abraço, meu amigo!!!

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  3. Ótima abordagem sobre o assunto...é de se admirar que o padrão social de determinados seguimentos sejam tão descompassados e surreais, contudo existem pessoas que retiram esse fluxo de ignorância das mentes dos retardatários evolutivos através da verdadeira arte aquela que é escritas por seres composto de éter que permeiam o mundo esses são os artista que de todas as formas e de todos os aspectos fazem o mundo um lugar mais feliz.

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