segunda-feira, 12 de setembro de 2022

CRÔNICA DE UMA VIAGEM AO MORRO DE SÃO PAULO

 


O que esperar de um feriado no meio de semana, aliás dois para quem é da “Vitorinha” capixaba? A gente fala que não vai viajar mais de ônibus em viagem longa, mas para nosso desespero abre uma propaganda no instagram e lá vamos para uma aventura em Morro de São Paulo, de quase 20 horas.

E se é de excursão, pode esperar tretas e se não as tem, não tem graça.  E a primeira vem de pressa, pois no embarque já tem passageira reclamando que as poltronas não são leitos, e que a mesma esperava leito total. Conversa vem, conversa vai... E o jeito é subir para a parte de cima. Resignou-se ela, porém ia buscar seus direitos.

Assentados os passageiros, partiu o ônibus com sua diversidade. Depósito de bebida lotado, mas com as garrafas ainda à espera da temperatura ideal, o que não impediu a depois escassez da cerveja até o final do trajeto. E havia os kits lanches, em que uma sacola não teve um fatídico bolo, objeto de reclamações da galera do fundão, da famosa cozinha. E esta já entoava dois cantos: o nome do guia (transformado em aeromoço) e um improvisado coral ou karaokê. Para uns, forma de passar o tempo, para outros nem tanto.



Falando no guia, bom sujeito e fazendo de tudo para que a viagem fosse agradável, ele teve seus imprevistos com o ônibus quase novo. Microfone que não estava cem porcento, televisões sem aparelho de DVD para os filmes previstos... E nisso não assistimos aos clássicos tão aguardados, entre eles A Cabana.

A chuva caindo lá fora; o silêncio reinando depois da primeira parada; e as idas ao banheiro (sem pulseira vip) devido às cervejas e ao tempo sentados nas poltronas. E depois de longas horas, enfim Valência e a junção do rio com o mar no atracadouro. Um sol tímido se anunciava no céu e já era festejado.

O barco deslizava nas águas mostrando a bela paisagem: a ilha e o farol, ao som do axé. A capitã do barco esbanjava a simpatia e a energia típicas da Bahia. E para quem fizesse o passeio do dia seguinte com ela, ganharia salada de fruta. A maioria do grupo, com passeio agendado tentou até mudar os planos, o que virou uma pequena treta com a outra operadora. Por fim, ao fim daquela mesma noite, tudo se resolveria com apenas alguns no passeio, sem a capitã, em outro barco, e sem a salada de fruta.



A chegada na ilha foi da burocracia da entrada ao deslumbre da pequena vila cheia de lojas e restaurantes e sua paisagem natural de grande beleza. O cansaço da viagem já ia ficando para trás.

Na pousada a realidade dos degraus, principalmente para os idosos do grupo. Há quem não gostou, há os que ignoraram e havia aqueles que estavam ali para aproveitar, afinal o tempo prometia com a chegada do sol e o show de “É o tchan”. E o guia ficava na loucura de atender os pedidos pelo grupo do zap. A chuva retornou e cada um foi buscando o que fazer entre os bares abertos e com música aí vivo.


Noutro dia:  café da manhã e passeios. Fotos pipocaram nos grupos com os aventureiros em seus passeios em barcos, caminhadas, praias, 4x4, bares... Cada qual sua maneira. O banho de argila, o banco de areia, os bares e restaurantes renderam as poses individuais e em grupos das mais inusitadas, pois afinal havia sol. O que sucedeu nos outros dias nas lanchas, nas charretes, nas piscinas naturais.

Para quem foi ao show a dura realidade perceber que nossos ídolos envelhecem e que o nosso joelho não acompanha nossa idade mental. E o pobre coitado (ou coitada) entrega o jogo ao dançar até o chão, e quase não conseguir subir. E teve ainda paqueras, ficadas, e a volta de barco táxi com tudo balançando, inclusive o quarto depois na pousada.

E para quem não sabe, tem praia com cupido, e que é preciso tirar os óculos para ver o amor se sua vida; com o perigo de morar naquele lugar e virar empreendedora de cocada. Ainda bem que a pessoa olhou para o mar, disse... Esse era o amor de todos, todos naquele momento, mas queria uma volta de moto com o pretendente.

E os breves dias foram passando, com cantoria improvisada debaixo das grandes sombrinhas, com cervejinhas e boas conversas em que a neurociência acabou por revelar um cantor; novas amizades; tentativas de descer a tirolesa, pôr do sol incrível, peixinhos atraídos pela cerveja; enfim o paraíso era ali.


Mas tudo o que é bom tem o seu desfecho. Fim das diárias, hora de voltar para a casa; e os carregadores das malas à espera. E saem correndo pelas ruas estreitas na manhã de domingo. Os viajantes chegam ao cais e barco já a esperar. E novas tretas surgem, pois uma mala danificou-se, estresse... De quem é a culpa/responsabilidade... Chama o guia! E para piorar ou tornar a viagem ainda mais inesquecível, algumas malas não chegam, e quase iam para barco errado. Tensão, atraso, suspense...  Chama o Guia!  Decidida a questão, todos atravessam o encontro do mar e o rio, e vão em busca de suas vidas fora daquele paraíso, já a começar pelo ônibus, as filas do restaurante e o seu trabalho no solo espírito-santense, expressão verdadeira e esquecida dos que nascem no Espírito Santo, afinal antigamente só quem nascia em Vitória, segundo a gramática da língua portuguesa, era capixaba. Mas o mundo e as letras mudam, o que não muda é possibilidade de fazer novas e grandes amizades numa excursão.


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