terça-feira, 1 de outubro de 2013

Da poesia capixaba a Beatles

Conta a lenda que num reino não muito distante um rei foi proclamado pelo povo disse que tudo faria pela cultura. O rei deposto logo ironizou e disse que aquele rei só seria “da cultura” se fosse ela da área agrícola. Esperto, o novo rei reuniu seus conselheiros e logo ordenou que todas as obras interrompidas da área cultural fossem concluídas, e assim foi feito e sua majestade se tornou um benfeitor da cultura em seu reino.
Mas o que é cultura? Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é.
Por outro lado, na visão do rei deposto sobre o novo rei “cultivo da terra para a produção, e ainda hoje é conservado desta forma quando é referida à cultura da soja, à cultura do arroz etc. “, conceito esse vindo dos romanos com base na agricultura.
A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, quando vai se transformando perdendo e incorporando outros aspetos  procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.
No sábado, dia 14, após o recital poético de Markus Konká, no Teatro Fernando Torres, uma senhora me abordou no final do evento e confessou estar emocionada, isso porque relembrou o período em que o poeta Antônio Carneiro Ribeiro escrevia e declamava suas poesias, hábito cada vez menor entre as novas gerações Mas vi isso em Portugal, em Gaia, em julho, com entusiasmadas senhoras poetisas, ou modernamente, poetas. E foi emocionante. No entanto, a poesia está relegada a uma parcela menor, mesmo com tantas tentativas de sarais espalhados pelo Brasil.
E sobre essas transformações na cultura, como foi internamente a reação de jovens diante do universo de Beatles, a ser apresentado no dia 21, no Teatro Fernando Torres, em duas sessões? Fala-se que a banda inglesa é atemporal, porém as novas gerações estão ligadas às letras fáceis, de refrãos melancólicos ou com palavras de baixo calão; correu-se o risco de alguns torcessem o nariz. Entretanto, há uma leva de pessoas que tem adoração a esse grupo, que atravessa inúmeras gerações; então mesmo que alguém torcesse o nariz, o evento foi um sucesso.
E voltando ao teatro, o espetáculo guaçuiense “Estórias de um povo de lá” foi selecionado para o Projeto de Circulação da Secult e vai ser apresentado em seis cidades capixabas. Uma das melhores produções do Estado, pretende encantar ao público pela obra mítica e também atemporal de Guimarães Rosa. Em breve divulgaremos as cidades contempladas. E para fechar, estive no período de 19 a 22 de setembro no Piauí, acompanhando o Festival Nacional de Teatro da cidade de Floriano. Nosso estado esteve presente com a montagem “A Culpa”, adaptação do texto “Carta ao Pai”, de Kafka, com atuação de Luiz Carlos Cardoso (de Cachoeiro) e sonoplastia de Neuza de Souza (de Guaçuí). Um bonito trabalho do Grupo Anônimos de Teatro que foi aclamado pelo público.

Sendo a principal característica da cultura o mecanismo adaptativo que é a capacidade que os indivíduos têm de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente uma evolução biológica, os trabalhos citados buscam uma evolução cultural. Evoé!

Nenhum comentário:

Postar um comentário